Boxes no Centro de Fortaleza têm aglomerações e falhas de segurança

Por G1 CE

No Centro de Fortaleza, os galpões repletos de boxes e manequins, ao longo das vias, já são característicos do cenário local. A exposição, porém, não se limita aos produtos. Fiações e falhas na segurança estrutural também são visíveis a olho nu, comprometendo frequentadores e exigindo fiscalização mais rigorosa.

Na Rua José Avelino, um dos destinos para compras mais procurados tanto por turistas quanto por fortalezenses, há dezenas de galpões de médio e grande portes que voltaram a funcionar recentemente, após a flexibilização das atividades econômicas na capital. Em um dos maiores estabelecimentos, o G1 não visualizou sinalização de possíveis saídas de emergência, nem encontrou extintores de incêndio expostos.

Já em outro galpão, de médio porte, havia extintores dentro da data de validade em todos corredores, mas as fiações dos ventiladores, fixados à estrutura de ferro dos próprios boxes, estavam expostas; e não havia rotas de emergência em caso de sinistros.

Em ambos os locais, assim como em outros dois galpões visitados pelo G1, a quantidade de pessoas era outra irregularidade que chamava atenção: todos tinham corredores superlotados, sem distanciamento algum entre clientes e trabalhadores.

A preocupação é uma constante para quem garante o sustento nesses locais, que se tornaram a alternativa para diversos feirantes após a proibição do funcionamento da feira livre na rua. A autônoma Ingred Vieira, 22, é uma das que ocupam boxes na área. Sua mãe trabalha com confecções no entorno há cerca de 15 anos, e hoje, no espaço fechado, paga mensalmente por uma manutenção que não vê se efetivar na prática.

“Não vemos fiscalização, é tudo bem precário. Tem muita queda de energia, é bem frequente. Isso já é um problema muito grande quando estamos lá, monitorando, mas e se acontecer em um dia que está fechado? Pode ocasionar um incêndio. Pelo valor que é pago pela manutenção, dava pra ser bem mais monitorado. Até a estrutura deveria ser melhor”, avalia Ingred. Segundo ela, a ausência de saída de emergência e extintor de incêndio “em um local tão espremido” também são razões diárias de apreensão.

A situação é similar em outro ponto do Centro, na Avenida Tristão Gonçalves, onde se localiza uma estrutura inacabada, popularmente conhecida como “Esqueleto da Moda”. A autônoma Marcilene da Silva, 45, investiu as economias em um box no complexo, onde trabalha diariamente há dois anos vendendo roupas infantis. A precariedade da estrutura é avistada facilmente: a ausência de fachada, de ordenamento dos boxes e até de um piso apropriado prejudicam não só as vendas, como ela aponta, mas a segurança de quem frequenta.

“Não é um local bonito, às vezes as pessoas não vêm por causa disso. Não tem estrutura adequada, o piso é todo cru e você vê a fiação todinha aberta, sem aquele acabamento. Extintor aqui eu nunca vi, nada pra prevenir incêndio. E o espaço é apertado demais, seria até difícil sair se Deus o livre acontecesse alguma coisa. A gente fica preocupada, porque aqui deixa toda a mercadoria, é uma vida inteira de trabalho”, relata Marcilene.

Permissionários do Casarão dos Fabricantes devem ir para novo espaço
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Medidas de segurança

De acordo com o artigo 3º da Lei nº 13.556/04, todas as edificações comerciais do Ceará devem garantir, como medidas de segurança e proteção contra incêndio e pânico, o acesso a viaturas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMCE), a segurança estrutural, o controle de materiais de acabamento, saídas de emergência, projeto de segurança, gerenciamento de risco de incêndio, além de brigada de incêndio, iluminação e alarme de emergência, extintores, sistemas de resfriamento, entre outros itens.

Cabem ao CBMCE o estudo, o planejamento e a fiscalização dessas exigências, bem como o dever de expedir notificações, aplicar multas e realizar interdições das estruturas, se verificadas irregularidades.

O comandante de Engenharia de Prevenção de Incêndio da corporação, tenente coronel Wagner Maia, complementa que a certificação é válida por até quatro anos, variando conforme o risco que a edificação oferece. Em locais como o Casarão dos Fabricantes, por exemplo, classificado como “de risco médio”, a licença deve ser renovada a cada três anos.

“As vistorias fiscalizadoras podem ser feitas a qualquer momento. Em 2019, fizemos várias operações nessa categoria de atividade, e diversos empreendimentos deram entrada nos processos. Se algum deles estiver irregular, é notificado”, pontua. A quantidade de procedimentos abertos ou pendentes, bem como de notificações e autuações, não foi informada pelo órgão.

O comandante garante, porém, que, diante do ocorrido com o casarão histórico do Centro, as atividades de fiscalização estão sendo redimensionadas para focar em edificações similares. Em relação a outros tipos de inconformidades estruturais, as vistorias cabem à Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), que afirmou, em nota, que “realiza a fiscalização documental de estabelecimentos comerciais e atende a denúncias relacionadas à ausência de manutenções em imóveis”.

Para isso, o órgão “faz a verificação visual para a constatação de indícios de negligência do proprietário com o imóvel quanto às condições de higiene e segurança dos elementos internos, como pisos, tetos, revestimentos, telhados, instalações elétricas e hidrossanitárias, e fachada da edificação.

Caso sejam constatadas irregularidades, a Agefis alerta que “o proprietário do imóvel pode ser notificado, e deverá contratar um engenheiro para verificar a situação estrutural do imóvel e analisar a necessidade de reformas”. Entre novembro de 2019 e março deste ano, foram realizadas 95 fiscalizações em edificações, que resultaram em 33 autuações. Do total, 13 das multas foram aplicadas somente no Centro, em 23 fiscalizações feitas.

Incêndio de grandes proporções atinge Casarão dos Fabricantes, no Centro de Fortaleza
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Incêndio de grandes proporções atinge Casarão dos Fabricantes, no Centro de Fortaleza

Incêndio no Casarão

O Casarão dos Fabricantes, localizado na Avenida Alberto Nepomuceno, também no Centro, foi destruído por um incêndio de grandes proporções que atingiu a estrutura, na noite de sábado (5). O “Palacete da Avenida Central” é um imóvel privado, e, segundo a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor), tem processo de tombamento em análise. A pasta informou, em nota, que “diante do ocorrido, realizará vistoria técnica para a avaliação do estado do bem e elaborar diretrizes específicas adequadas visando manter as características originais históricas”.

Os lojistas que atuavam no local serão realocados em um galpão próximo, no cruzamento entre as ruas Rufino de Alencar e Baturité, também no Centro. A decisão foi tomada em reunião entre a administração e os pequenos empresários, nessa terça-feira (8), na Assembleia Legislativa. A perícia para determinar o que causou o fogo no antigo Casarão segue pendente.


FONTE: G1 CE

Categoria:REGIONAL

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