Seis cidades do Cariri têm menos de 20% da população imunizada após 7 meses de vacinação
O avanço da vacinação contra a Covid-19 no Cariri, em 7 meses, é sensível: 236.158 pessoas já tomaram as duas doses ou dose única. A velocidade, porém, se dá de forma desigual entre os municípios, pois apenas seis deles imunizaram menos de 20% da população O levantamento foi feito a partir do número de doses aplicadas em cada localidade, disponível no Vacinômetro da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa); e das estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O município com a menor taxa de pessoas imunizadas é Abaiara, onde só 2.015 dos 11,8 mil habitantes – 17% – já tomaram dose única (DU) ou já receberam a segunda dose (D2) da vacina. Nenhuma das cidades carienses atingiu mais de 50% de imunização, no entanto Altaneira é o que possui a maior população completamente vacinada, sendo 33,2% desta, totalizando 2.537 pessoas de 7.650 da população geral. No Ceará, Guaramiranga é a única cidade cearense onde mais da metade da população já foi completamente imunizada: 59% dos habitantes receberam a DU ou já tomaram a D2.
% de vacinação por município
- Abaiara – 17%
- Altaneira – 33,2%
- Antonina do Norte – 23,3%
- Araripe – 22,7%
- Assaré – 21,3%
- Aurora – 26%
- Barbalha – 23%
- Barro – 29,7%
- Brejo Santo – 28,1%
- Campos Sales – 20,4%
- Caririaçu – 22,1%
- Crato – 29,6%
- Farias Brito – 31,2%
- Granjeiro – 25,1%
- Jardim – 21,5%
- Jati – 19,7%
- Juazeiro do Norte – 19,6%
- Lavras da Mangabeira – 20,8%
- Mauriti – 18,5%
- Milagres – 30,8%
- Missão Velha – 19,6%
- Nova Olinda – 23,7%
- Penaforte – 19,5%
- Porteiras – 34,6%
- Potengi – 28,7%
- Salitre – 21,5%
- Santana do Cariri – 23,2%
- Várzea Alegre – 28,7%
Atraso e novas doses
Em setembro, o Cariri demais regiões do interior cearense devem receber 2,4 milhões de novas doses da Coronavac, compradas de forma direta pelo Governo do Estado ao Instituto Butantan. O quantitativo corresponde a 80% de todos os imunizantes adquiridos.
A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), Sayonara Cidade, pontuou, em entrevista ao Diário, que as novas doses darão “maior celeridade ao processo de imunização no interior”, que está atendendo, em média, a população entre 20 e 24 anos.
Além da chegada gradual de doses, outro fator influencia para as ainda baixas coberturas fora da Capital: o atraso na aplicação da última dose do esquema vacinal.
O imunologista Edson Teixeira, professor do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará (UFC), avalia que “o Ceará tem feito um trabalho muito rápido no sentido de distribuir as doses que chegam e de aplicação da D2 em que estava aguardando”.
Com as duas doses, você tem uma eficácia muito superior e fica protegido contra as formas graves da doença. A vacina não faz escudo evitando infecção, mas faz com que o organismo esteja competente o suficiente para responder à invasão do vírus.
Caroline Gurgel
Virologista e epidemiologista
Por outro lado, Caroline Gurgel, virologista, epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), aponta que “falhas de comunicação” no processo da vacinação influenciam nos atrasos, e não só o “desinteresse” das pessoas.
Segundo ela, “falta de cadastros e de uma melhor organização” dos procedimentos ligados ao agendamento também afetam a velocidade com que as cidades avançam na imunização dos moradores.
Sayonara Cidade, do Cosems, justifica que “os municípios demoraram mais a avançar por causa do cadastro no Saúde Digital, mas agora as coberturas estão boas, de acordo com o esperado”. Com as 3 milhões de doses que chegarão ao Estado, ela complementa, será possível dar mais celeridade ao processo.