Mulher transexual é agredida após usar banheiro feminino em Crato
Naomi prestou queixa na delegacia da mulher na manhã desta segunda-feira. (Foto: Alana Soares)
Crato. Na manhã desta segunda-feira (13), a cabeleireira e maquiadora Naomi Houston, de 25 anos, prestou queixa na Delegacia da Mulher após ter sido expulsa e agredida por seguranças durante evento realizado na AABB, neste Município no Cariri cearense. O caso aconteceu ontem a noite, durante o popular “Forró dos Velhos”.
Segundo Naomi, por volta das 20h30, os seguranças a aguardavam do lado de fora do banheiro feminino, quando pediram para que ela os acompanhasse até a portaria. No trajeto, puxaram o braço da cabeleireira com força até o lado de fora do clube, em seguida, foi empurrada até o chão.
Um dos homens disse que ela foi expulsa porque usou o banheiro feminino. “A justifica foi só essa”, garante. Esta foi a primeira vez que isso aconteceu com cabeleireira, que já frequentou o evento em outras ocasiões. “Fui exposta a muita humilhação. Me senti um lixo. Eu paguei como todo mundo”, acrescenta.
Com apoio da Associação de Defesa, Apoio e Cidadania dos Homossexuais do Crato (Adacho) e do Centro de Referência da Mulher, Naomi procurou a Delegacia da Mulher de Crato, onde registrou um Boletim de Ocorrência. O caso será investigado. De acordo com o advogado de Naomi, John Miricklley, este é o primeiro episódio de violência contra uma mulher transexual registrado na delegacia. “Foi até uma surpresa”, admite. “Estamos querendo insistir no crime de injúria”, acrescenta o advogado.
Procurado pela reportagem do Diário do Nordeste, o organizador do “Forró dos Velhos”, Francisco Leitão Moura, disse que ligou, ontem mesmo, para a vítima e pediu desculpas em nome do evento. Ele assegurou que as pessoas envolvidas no caso já foram afastadas. “O objetivo do evento é justamente dar oportunidade às pessoas idosas de terem lazer, de se inserir, combater a discriminação. É um sentimento que já luto há 23 anos. Então, não tinha sentido algum estar excluindo ninguém”, afirmou Leitão, acrescentando que a própria renda do evento é revertida para instituições que fazem trabalho com pessoas carentes.
Naomi acredita que a denúncia foi importante para garantir os direitos das pessoas transexuais que são vítimas de violência e para que episódios como este não voltem a acontecer. “Qualquer pessoa que se sinta humilhada tem que denunciar. É o seu direito”, conta.
Conteúdo do Diário Cariri